Ó SINO DE MINHA ALDEIA - FERNANDO PESSOA


Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

REPARTIÇÃO DOS PÃES - CLARICE LISPECTOR

Era sábado e estávamos convidados para o almoço de obrigação. Mas cada um de nós gostava demais de sábado para gastá-lo com quem não queríamos. Cada um fora alguma vez feliz e ficara com a marca do desejo. Eu, eu queria tudo. E nós ali presos, como se nosso trem tivesse descarrilado e fôssemos obrigados a pousar entre estranhos. Ninguém ali me queria, eu não queria a ninguém. Quanto a meu sábado – que fora da janela se balançava em acácias e sombras – eu preferia, a gastá-lo mal, fechá-la na mão dura, onde eu o amarfanhava como a um lenço. À espera do almoço, bebíamos sem prazer, à saúde do ressentimento: amanhã já seria domingo. Não é com você que eu quero, dizia nosso olhar sem umidade, e soprávamos devagar a fumaça do cigarro seco. A avareza de não repartir o sábado,ia pouco a pouco roendo e avançando como ferrugem, até que qualquer alegria seria um insulto à alegria maior.
Só a dona da casa não parecia economizar o sábado para usá-lo numa quinta de noite. Ela, no entanto, cujo coração já conhecera outros sábados. Como pudera esquecer que se quer mais e mais? Não se impacientava sequer com o grupo heterogêneo, sonhador e resignado que na sua casa só esperava como pela hora do primeiro trem partir, qualquer trem – menos ficar naquela estação vazia, menos ter que refrear o cavalo que correria de coração batendo para outros, outros cavalos.
Passamos afinal à sala para um almoço que não tinha a bênção da fome. E foi quando surpreendidos deparamos com a mesa. Não podia ser para nós...
Era uma mesa para homens de boa-vontade. Quem seria o conviva realmente esperado e que não viera? Mas éramos nós mesmos. Então aquela mulher dava o melhor não importava a quem? E lavava contente os pés do primeiro estrangeiro. Constrangidos, olhávamos.
A mesa fora coberta por uma solene abundância. Sobre a toalha branca amontoavam-se espigas de trigo. E maçãs vermelhas, enormes cenouras amarelas, redondos tomates de pele quase estalando, chuchus de um verde líquido, abacaxis malignos na sua selvageria, laranjas alaranjadas e calmas, maxixes eriçados como porcos-espinhos, pepinos que se fechavam duros sobre a própria carne aquosa, pimentões ocos e avermelhados que ardiam nos olhos – tudo emaranhado em barbas e barbas úmidas de milho, ruivas como junto de uma boca. E os bagos de uva. As mais roxas das uvas pretas e que mal podiam esperar pelo instante de serem esmagadas. E não lhes importava esmagadas por quem. Os tomates eram redondos para ninguém: para o ar, para o redondo ar. Sábado era de quem viesse. E a laranja adoçaria a língua de quem primeiro chegasse.
Junto do prato de cada mal-convidado, a mulher que lavava pés de estranhos pusera – mesmo sem nos eleger, mesmo sem nos amar – um ramo de trigo ou um cacho de rabanetes ardentes ou uma talhada vermelha de melancia com seus alegres caroços. Tudo cortado pela acidez espanhola que se adivinhava nos limões verdes. Nas bilhas estava o leite, como se tivesse atravessado com as cabras o deserto dos penhascos. Vinho, quase negro de tão pisado, estremecia em vasilhas de barro. Tudo diante de nós. Tudo limpo do retorcido desejo humano. 'Tudo como é, não como quiséramos. Só existindo, e todo. Assim como existe um campo. Assim como as montanhas. Assim como homens e mulheres, e não nós, os ávidos. Assim como um sábado. Assim como apenas existe. Existe.
Em nome de nada, era hora de comer. Em nome de ninguém, era bom. Sem nenhum sonho. E nós pouco a pouco a par do dia, pouco a pouco anonimizados, crescendo, maiores, à altura da vida possível. Então, como fidalgos camponeses, aceitamos a mesa.
Não havia holocausto: aquilo tudo queria tanto ser comido quanto nós queríamos comê-lo. Nada guardando para o dia seguinte, ali mesmo ofereci o que eu sentia àquilo que me fazia sentir. Era um viver que eu não pagara de antemão com o sofrimento da espera, fome que nasce quando a boca já está perto da comida. Porque agora estávamos com fome, fome inteira que abrigava o todo e as migalhas. Quem bebia vinho, com os olhos tornava conta do leite. Quem lento bebeu o leite, sentiu o vinho que o outro bebia. Lá fora Deus nas acácias. Que existiam. Comíamos. Como quem dá água ao cavalo. A carne trinchada foi distribuída. A cordialidade era rude e rural. Ninguém falou mal de ninguém porque ninguém falou bem de ninguém. Era reunião de colheita, e fez-se trégua. Comíamos. Como uma horda de seres vivos, cobríamos gradualmente a terra. Ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. Comi com a honestidade de quem não engana o que come: comi aquela comida e não o seu nome. Nunca Deus foi tão tomado pelo que Ele é. A comida dizia rude, feliz, austera: come, come e reparte. Aquilo tudo me pertencia, aquela era a mesa de meu pai. Comi sem ternura, comi sem a paixão da piedade. E sem me oferecer à esperança. Comi sem saudade nenhuma. E eu bem valia aquela comida. Porque nem sempre posso ser a guarda de meu irmão, e não posso mais ser a minha guarda, ah não me quero mais. E não quero formar a vida porque a existência já existe. Existe como um chão onde nós todos avançamos. Sem uma palavra de amor. Sem uma palavra. Mas teu prazer entende o meu. Nós somos fortes e nós comemos.
Pão é amor entre estranhos.
Fonte: www.releituras.com

OS SALMOS PENITENCIAIS

Os Salmos Penitenciais
(Salmos 6, 37, 38, 51, 143)

por Ralph Walker
Lendo (para esta tarefa) os escritos no diário de Davi, que descrevem suas lutas com o pecado, descobri duas coisas. Primeiro, senti uma atitude diante do pecado que não me é familiar. Segundo, vi um padrão de pensamento emergir dos vários textos (Salmos 6, 37, 38, 51, 143).

A atitude de Davi diante do pecado

Ironicamente, é como pecador que vejo claramente Davi como um "homem segundo o próprio coração de Deus."  Se o coração de Deus é a pura santidade, então essa mesma santidade dirige Davi.  Quando, em sua iniqüidade, a repugnância de Davi ao que ele se tornou salta aos olhos.  Nem desculpas, nem justificativas, nem incriminações; só um absoluto esmagamento pela tristeza e a culpa.  Davi sabe que sua rebelião afastou-o de Deus. Ele admite que está perecendo e não pode fazer nada pessoalmente para reverter seu perigo.  Não fale a Davi sobre uma "pequena impiedade"; este conceito lhe é estranho, como o é a seu Deus!  Se um verdadeiro entendimento de santidade e pecado define o coração divino, vejo Davi repousando nos aposentos interiores do coração de Deus.

O padrão da penitência

Ainda que todos os passos que eu discuto aqui não sejam encontrados em cada salmo examinado, vejo repetição suficiente para chamar a isto um padrão.

Confissão. Confissão significa "falar a mesma coisa". Ao confessar o pecado, dizemos sobre ele a mesma coisa que Deus diz dele. Daví é enfático em suas confissões: seu pecado é sua morte. Ele se refere a debilitar-se fisicamente, a ausência de paz de espírito, a proliferação dos inimigos externos, o isolamento total da presença de Deus.  Ele não tem ilusão de que Deus possa talvez ter deixado de ver sua desobediência, ou que ele possa utilizar um padrão de julgamento sem rigor e aprovê-lo mesmo assim.  Ele decepcionou ao Senhor e está arrasado por isso.

Quando releio a descrição de seu pecado, por Davi, dou-me conta que realmente não conheço esta profundidade de sentimento.  Não me recordo de ser tão esmagado em espírito como foi Davi, quando ele pecou. Não posso desculpar isso baseado em que não fiz nada para merecer um esmagamento semelhante.  Pecado é pecado, e meus pecados são tão mortais para minha alma como os dele foram para ele.  Ah, se eu pudesse ver o pecado como Davi e Deus o vêem!  Se Deus me ajudar, verei.

Não somente Davi confessa sua pecaminosidade, mas confessa também dois fatos sobre Deus.  Primeiro, ele admite que Deus é justo.  Ainda que Davi esteja sofrendo tremendamente nas mãos deste Deus, ele reconhece que isso é merecido.  Deus, como Juiz e Carcereiro, é justo, e Davi não é alguém encarcerado indevidamente, como ele o vê.  Quando o salmista roga pela libertação da punição e da dor, é na base da justiça de Deus; ele pagou o preço, aprendeu suas lições e pede absolvição.  Ele até se vale da justiça de Deus como o apoio de que precisa para recuperar seu favor.

Segundo, Davi confessa a amorosa bondade de Deus.  Parece estranho que um homem, sendo assim esmagado por Deus, esteja elogiando seu amor.  Ainda que pais freqüentemente falem de amor e punição na mesma frase ("Porque eu te amo, estou te batendo"), nenhuma criança sob o castigo associaria estas palavras uma a outra como Davi o faz.  Davi sabe que Deus o ama.  Este é o único raio de esperança em toda sua escuridão.  Como o Salmo 130:3 o mostra, se Deus não amar, quem permanecerá?

Petição.  Depois de confessar seu pecado, a justiça de Deus e o amor de Deus, Davi faz os seguintes pedidos:

"Limpa-me do pecado." Obviamente, se o pecado é o que o separa de Deus, ele quer que ele seja removido.  Este desejo vem somente depois que ele confessa claramente e tristemente o que fez de errado.  O perdão não é conseguido onde não tenha sido buscado.

"Purifica-me para o serviço."  Davi quer ser servo de Deus novamente.  Em 51:13 ele espera pelo tempo quando puder ajudar outros a se converterem ao seu Deus.  Se Deus precisar de motivação para libertar Davi do seu castigo, aqui está ela. O penitente deseja voltar ao serviço do seu Mestre.

Davi também deseja a pureza que o capacitará a adorar efetivamente (51:14-15).  Estou admirado com santos que honrarão Jeová publicamente durante anos e então são expostos em algum pecado que o acompanha há muito tempo.  Davi respeita e conhece Deus bem demais para tentar um tal jogo. Deus não pode ser enganado!

Estes salmos penitenciais mostram-me mais sobre meu pecado do que às vezes quero saber.  Mais do que isso, revelam um Deus digno de que abandonemos tudo que este velho mundo tem para oferecer, só para aquecermo-nos em seu amor.

Selah.http://www.estudosdablibianet./

MEMÓRIAS PÓSTUMAS

Esta é a minha homenagem a minha querida cunhada , que faleceu no dia 3 de fevereiro de 2010.  Estas fotos em baixo desta postagem foram os quatro últimos meses de vida dela. O casamento do seu filho , logo após, o nascimento do seu primeiro neto. Junto está também meu irmão e minha querida sobrinha . foram quatro meses de alegria, mas, depois, uma doença fatal a tirou do nosso meio. Agora ela está com Deus. Este seu sorriso cativante fica em nossa memória para sempre. Nunca vou te esquecer minha amiga querida! Deus sabe o momento certo que viemos ao mundo, e o momento certo de partirmos de volta para o Pai que nos criou. Logo estaremos todos juntos novamente. A morte não é o final, é o recomeço para a vida Eterna. Descance em Paz Minha Querida Amiga.!

ESTES FORAM OS ÚLTIMOS MESES DE VIDA DE MINHA CUNHADA NILCINHA

A GRANDE FAMILIA 1

MENSAGEM DE UM AMIGO

Olá queridos! Paz perfeita vos seja multiplicada! Quero te dizer que o seu Problema Pode Ser Sua Promoção.
Nem todos os obstáculos são maus como na maioria das vezes pensamos! Na verdade, o disfarce favorito da oportunidade é um obstáculo. Conflito é simplesmente encontrar um obstáculo a caminho de sua resposta; de seu alvo! O Apóstolo Paulo foi muito feliz em dizer: "Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; Perplexos, porém não desanimados; Perseguidos, porém não desamparados. Abatidos, porém não destruídos". 2 Co. 4: 8-9
Mesmo em meio a tribulações, Deus deseja crescimento e promoção para você! As tribulações lhe concedem uma oportunidade de crescer; de avançar e não de morrer. Obstáculos podem lhe desviar temporariamente mas somente sua atitude pode fazê-lo parar completamente. O diabo quer que você pense que não há nada mais permanente do que seu desafio temporário. Obstáculos revelam o que realmente cremos e quem realmente somos. Eles nos apresentam a nós mesmos. Sua luta pode ser constante, mas não é eterna., meu amado(a)!
Quando viajo, sempre noto que não importa quão nublado esteja quando o avião decola, acima das nuvens o sol está sempre brilhando. Olhe pra cima neste dia! O que vale não é sua percepção, mas sua direção. Obstáculos são parte da vida! Jesus disse: "No mundo passareis por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". Jo. 16:33b. Não olhe pra Deus através das suas circunstâncias; olhe para suas circunstâncias através de Deus! E entenda que Ele sempre deseja que Você vença! Não temas, pois, as perdas de ontem ou de hoje, pois, certamente o Deus a quem serves tem algo muito maior pra você neste dia!! Pense nisso e Fik na Paz! Estarei orando por você hoje! Conte conosco, pois estamos juntos! Uma excelente semana pra Você! Pr.Paulo Giovane-MT. ><
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